Ao nos consolidarmos como uma Conferência-movimento, o fator temporal nos colocou ainda mais próxima do cotidiano das políticas, programas e serviços. Em 2020, vivenciamos o período das eleições municipais e compreendemos a necessidade de contribuir com o debate público e dar visibilidade às propostas voltadas à criação de sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis em nível local.

Soma-se a isso o fenômeno de rompimento do pacto federativo que gerou a fragilização das políticas públicas de forma integral e o achatamento dos recursos públicos. Por outro lado, os municípios em diferentes regiões do país, mesmo com a sobrecarga de responsabilidades suportadas dada a falta de compromisso do governo Bolsonaro e de muitos governos estaduais, vinham desenvolvendo experiências, serviços e inclusive uma produção legislativa incentivando políticas como de alimentação escolar, agroecologia, agricultura urbana, entre outras.

A necessidade de respostas à pandemia trouxe ainda mais protagonismo ao nível local/regional, que também com as ações solidárias da sociedade civil, evidenciou a importância do resgate da função social do abastecimento popular, a necessidade de fortalecimento dos equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional, e das medidas para incentivar os circuitos curtos (ou de proximidade) de produção e consumo.

Neste sentido, a Conferência Popular realizou oficinas para compreender as iniciativas em curso, identificação de propostas e estratégias de mobilização e incidência durante o período eleitoral daquele ano. Foi publicado o Comunicado nº 03 da Conferência Popular com dicas de como realizar ações de mobilização e debate com candidaturas por sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis nas nossas cidades, e uma Carta Aberta voltada ao conjunto da sociedade, partidos políticos e candidaturas buscando o compromisso com nossa agenda visando combater a fome, fortalecimento do Sistema Nacional de SAN em nível local, e o diálogo/articulação entre sistemas alimentares e os instrumentos de planejamento e gestão urbano.  

Os movimentos e organizações sociais também desenvolveram atividades nesta mesma área de modo criativo, ampliando a mobilização social e colaborando para a criação de tecnologias sociais. Os resultados das urnas refletiram o desejo avanço das forças populares na administração municipal comprometidas com a democracia, direitos e SAN, bem como nas Câmaras Municipais com a eleição de bancadas coletivas e mandatos comprometidos com a agroecologia, por exemplo.

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